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 Descarte incorreto de medicamentos pode causar danos a saúde e ao meio ambiente

Confira nesta matéria a forma correta de descartar medicamentos e onde encontrar um ponto de coleta em Camaçari

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O Brasil é o sétimo país que mais consome medicamentos no mundo, e o descarte de remédios, principalmente vencidos, em lugares indevidos têm se tornado um problema, isso por conta da falta de uma legislação, em relação a obrigação do recolhimento da indústria farmacêutica. O Portal Abrantes conversou com profissionais da área, para saber qual a forma correta de descartar esses itens, que podem causar um dano ao meio ambiente e a saúde da população.

 

Maria Fernanda Barros

 


De acordo com a farmacêutica e servidora do Conselho Estadual de Farmácia, Maria Fernanda Barros, a legislação existente só determina que estabelecimentos de saúde realizem essa dispensa de forma correta. “Quando a lei foi criada, não se pensou em como os consumidores jogariam fora as sobras de remédios, os vencidos ou quando o paciente desiste do tratamento, o que leva muitas vezes ao jogarem no lixo comum ou em vasos sanitários”, destacou.


Com o descarte incorreto, os remédios chegam a lixões ou rede de esgoto. “Catadores realizam recolhimento desses matérias e as vezes até reutilizam esses medicamentos, podendo ter uma reação que pode ser leve ou uma intoxicação. Já No caso de ser jogado nos vasos, eles passam pelas estações de tratamento de água, que não estão preparadas para esses resíduos, com diversos tipos de substâncias químicas, que poluem as águas”, ressaltou a farmacêutica.


Ainda segundo Maria Fernanda, existem estudos no mundo que reconhecem que são encontrados nos rios substâncias de medicamentos como anticoncepcionais, o que acabam causando a feminização de peixes, pela quantidade de hormônios consumidos. “Não tem uma legislação que obrigue os estabelecimentos e toda uma cadeia logística, pra que faça esse tipo de recolhimento. Existem iniciativas regionais, que possuem leis que obrigam uma logística reversa, ou seja, que responsabiliza do fabricante ao consumidor, perpassando por farmácias e distribuidoras, como são feitos com baterias e pilhas. Iniciativas individuais”.


Baseado em uma pesquisa, que mostrou que um quilo de medicamento descartado de forma incorreta, pode poluir até 450 mil litros de água, o Laboratório Qualivida, localizado em Vila de Abrantes, na Costa de Camaçari, realizou um estudo após colocar um ponto de recolhimento de remédios em sua unidade. O levantamento mostrou que durante os seis meses de recolhimento, três quilos de medicamentos por mês eram descartados, ou seja, um impacto de quase um milhão e 350 mil litros de água, teoricamente não sendo contaminada.
 

Mário Martinelli

“Quando iniciamos esse projeto, minha intenção era verificar a quantidade de medicamentos que eram descartados em lixo comum, mas não tínhamos a dimensão desse número. Com apenas uma urna colocada na clínica, a gente observou que a quantidade era significativa. Isso muito pelo uso incorreto dos medicamentos, ou seja, a automedicação, por falta muitas vezes da presença de um profissional farmacêutico nas farmácias comunitárias/privadas”, pontuou o presidente do Conselho Estadual de Farmácia e sócio/proprietário do Laboratório Qualivida, Mario Martinelli.


Pensando em incentivar o uso consciente de medicamentos, Martinelli falou da intenção em propor a Câmara de Vereadores de Camaçari, que crie uma lei municipal relacionada a  pontos de recolhimento de remédios, a serem descartados pela população. Vale ressaltar que o município possui atualmente 101 farmácias privadas, na sua maioria regularizadas perante o Conselho Estadual e a Vigilância Sanitária.


“Nosso objetivo principal é evitar a contaminação dos seres humanos e do meio ambiente. E Camaçari pode dar um pontapé inicial, se aprovar essa lei. Já existe uma discussão na Câmara dos Deputados sobre esse assunto, mas precisamos retomar esse debate a nível nacional”, finalizou Mario Martinelli.
 

 

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