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Projetos estaduais impulsionam empreendedorismo de mulheres negras

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 Fotos: Camila Souza/GOVBA

A empresária e trancista Anna Telles começou a trançar cabelo aos 13 anos e hoje realiza a atividade de forma profissional em três salões próprios, empregando, diretamente, mais de dez pessoas. A primeira franquia do Salão Cacho de Fibras está implantada no bairro da Liberdade, desde 2014, e atende clientes que buscam serviços especializados para o cabelo crespo. A jovem empresária revela que contou com um incentivo importante ao participar de um curso de cabeleireiro profissional oferecido pelo Qualifica Bahia, uma iniciativa da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado (Setre). Desde então, os negócios cresceram bastante. Nas três unidades de beleza, circulam, em média, 30 clientes todos os dias.

Anna explicou que o principal diferencial do seu trabalho é a possibilidade de mudar a estética das suas clientes sem agredir o cabelo natural. Para isso, além de empregar a técnica de trança em 3D, ela desenvolveu um produto específico para cabelo crespo, do qual já possui a patente. Segundo ela, o curso do Qualifica Bahia marcou uma transição importante na carreira. “O curso me desbloqueou para que eu pudesse fazer da minha atividade um negócio. Eu atendia a domicílio e não achava que era tão importante o que eu fazia. Foi no curso que consegui perceber a profissionalização do meu trabalho. Depois do curso eu abri o meu primeiro salão. Enquanto mulher negra, ter tido essa oportunidade me faz ter a obrigação de atuar para empoderar outras mulheres negras. Eu quero ser essa pessoa que pode empoderar outras vidas”, destacou.

Com o objetivo de oferecer oportunidades para mulheres negras e comunidade afrodescendente, foi elaborado e realizado, pela Setre, o Edital de Apoio aos Empreendimentos Solidários de Matriz Africana, que contemplou a iniciativa da empreendedora e doutora em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Sueli Conceição, fundadora da loja Botica Rhol, instalada no Pelourinho.

No local são comercializados produtos oriundos de 17 terreiros de candomblé da capital e Região Metropolitana de Salvador (RMS). Quem for ao espaço encontrará acessórios, roupas, sabonetes produzidos a partir do azeite de dendê, banhos de folha, entre outros produtos que integram uma linha própria de cosméticos naturais. Sueli garante que o edital foi fundamental para escoamento da produção dos terreiros. 
“Eu considero que essa foi uma ação inédita, o Edital de Matriz Africana. Quando a Setre lançou esse edital, promoveu e estimulou o protagonismo social dos povos de comunidades tradicionais. As políticas públicas de economia solidária são importantes para toda uma cadeia produtiva que garante o sustento de milhares de famílias que podem comercializar a sua produção”, afirmou.

Política pública

De acordo com a Setre, o Edital de Matriz Africana foi lançado em 2014, com duração de dois anos, prorrogável por mais 24 meses. Nesse período, foram investidos R$ 9 milhões e 54 projetos foram contemplados.

Já o Qualifica Bahia oferece atividades anualmente, e um novo ciclo de cursos profissionalizantes está em fase de realização. Somente 2019, 3.320 pessoas serão beneficiadas pelo programa em 93 municípios baianos.

Tanto o Salão Cacho de Fibras quanto a Botica Rhol têm em comum a gestão exercida por mulheres negras, que, segundo o secretário da Setre, Davidson Magalhães, é resultado de uma estratégia de política pública. 
“Esses empreendimentos são muito eficientes e dá as mulheres a possibilidade de construírem a sua própria alternativa econômica, além de ajudar no fortalecimento da família, porque o seu empoderamento financeiro e econômico reflete nos laços familiares. Nós temos vários recursos estendidos pelo conjunto do Estado da Bahia, incluindo empreendimentos quilombolas, na área de inclusão do empreendedorismo. Além de muito positivo, permite a inserção econômica e melhora os indicadores de trabalho, emprego e renda na Bahia”, pontuou.

 


 

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